quarta-feira, 14 de abril de 2021

A queima de nossa história!

 

A Lei Áurea, oficialmente Lei n.º 3 353 de 13 de maio de 1888, foi a lei que extinguiu a escravidão no Brasil. Essa é a data documentada, no entanto, o processo, para já se perpetuava por alguns anos, por exemplo a lei do ventre livre de 1871 que libertaria os filhos de escravos e do sexagenário de 1885, que libertava os escravos maiores de 60 anos. Na verdade, o mundo forçava tal ação no Brasil em especial a Inglaterra por meio da revolução industrial, que demandada de consumidores, ou seja, a manutenção da mão de obra escrava não viabilizaria o crescimento do capitalismo. Pois bem veio a “liberdade” e os escravos, senhores de terras começaram a pressionar o governo Federal para que fosse indenizado pela liberação dos escravos, uma vez que alegavam perca de patrimônio, e além do mais, o que ainda poderiam lucrar, em cima da escravização destas pessoas.

Agora entramos na figura do ministro da fazendo Ruy Barbosa de Oliveira, foi um polímata brasileiro, tendo se destacado principalmente como jurista, advogado, político, diplomata, escritor, filólogo, jornalista, tradutor, orador e “abolicionista”. O então Ministro da fazenda, início da república, começou a sofrer pressão dos senhores que reivindicavam indenização por “aderirem” a abolição. Ruy Barbosa informou-os que não pagaria nada a ninguém, existem relatos que dizem, que o ministro teria afirmado que quem deveria receber indenização eram os escravos, será?

Em 14 de dezembro de 1890, o ministro da Fazenda, Ruy Barbosa assinou um despacho ordenando a destruição de documentos referentes à escravidão. O Estado de 19 de dezembro de 1890 publicou trechos da ordem, que pedia que s registros sobre servidão fossem enviados para a capital, onde se procederia a "queima e destruição imediata deles". Na ocasião o ministro informou que a decisão seria para impedir que os escravagistas tivessem provas, que mais tarde poderiam ser utilizadas contra o governo afim de solicitar as indenizações. Este teria sido o verdadeiro motivo que o fez tomar tal decisão.

 

Mas para os jornais, o documento, o político chamavam a escravidão de "instituição funestíssima que por tantos anos paralisou o desenvolvimento da sociedade e infeccionou-lhe a atmosfera moral ". E, dizia que a república era "obrigada a destruir esses vestígios por honra da pátria e em homenagem aos deveres de fraternidade e solidariedade para com a grande massa de cidadãos que a abolição do elemento servil entrara na comunhão brasileira."

Logo, naquele momento se iniciava, o silenciamento, de um povo que já havia sofrido muito e ainda sofreria muito mais nos anos que se seguiria, pois a senzala mudou de nome e passou a se chamar presidio. Nossa história de onde viemos, quem são nossos antepassados, aqueles guerreiros que foram tirados de suas tribos e escravizados neste país escravocrata, nunca saberemos. No dia 13 de maio de 1891, uma imensa fogueira foi feita, no rio de janeiro, em parça publica para queimar todos os registros oriundos da escravidão no Brasil.


quarta-feira, 7 de abril de 2021

 

Biografia de Maria Firmina dos Reis

A escritora Maria Firmina dos Reis nasceu em 11 de março de 1822, em São Luís, no estado do Maranhão. Por isso, o 11 de março, em sua homenagem, é o Dia da Mulher Maranhense. Era mulata, filha da escrava alforriada Leonor Felipa dos Reis e, possivelmente, de João Pedro Esteves, um homem rico da região. Além de escritora, foi professora primária, de 1847 a 1881, e musicista.

Úrsula, sua obra mais conhecida, foi publicada em 1859, com o pseudônimo de Uma Maranhense. A partir daí, Maria Firmina dos Reis passou a escrever para vários jornais, nos quais publicou alguns de seus poemas. Escreveu uma novela, um conto, publicou um livro de poesias, além de composições musicais.

Em 1880, adquiriu o título de mestra régia. Nesse mesmo ano, criou uma escola gratuita para crianças, mas essa instituição não durou muito. Por ser uma escola mista, a iniciativa da professora, na época, provocou descontentamento em parte da sociedade do povoado de Maçaricó. Assim, a escritora e professora entrou para a história como a fundadora, segundo Zahidé Lupinacci Muzart (1939-2015), da “primeira escola mista do país”. Já aposentada, continuou lecionando em Maçaricó para filhos de lavradores e fazendeiros.

Morreu em 11 de novembro de 1917. Segundo José Nascimento Morais Filho (1882-1958), estava cega e pobre. Sua obra ficou esquecida até 1962, quando o historiador Horácio de Almeida (1896-1983) colocou a escritora em evidência. Recentemente, as pesquisas sobre a vida e obra de Maria Firmina dos Reis e a divulgação do seu nome intensificaram-se, e, aos poucos, a escritora vai sendo integrada ao cânone literário brasileiro.